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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Encontre sua Viagem do Sonhos - 4 dias em Maui


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Windsurf em Ho’okipa, North Shore de Maui.
A Fernanda deixou um comentário outro dia aqui no blog pedindo dicas de Maui. Estive na ilha no final de dezembro, e desde então planejo escrever sobre o passeio. O comentário da Fernanda foi o empurrão que faltava. Complementando a série “4 dias” (que já tem Oahu e Big Island), agora ficam aqui minhas dicas para 4 dias em Maui.
Antes de tudo, um porém: Maui é a ilha mais cara do Havaí. Prepare seu bolso para gastos e para se assustar com os preços. A gasolina mais cara dos EUA é vendida em Maui – e o preço da gasolina puxa todo o resto. Além disso, muitos milionários (e bilionários…) têm casa e/ou passam férias em Maui (ex.: Paris Hilton estava por lá quando fomos em dezembro), o que puxa os preços de tudo ainda mais para cima. Mas Maui foi “escolhida” pelo jet set famoso exatamente pelo que tem de mais interessante: sua natureza. As paisagens são impressionantes, suas praias estão entre as mais espetaculares do planeta e a vibe da ilha é totalmente relax. Para 4 dias por lá, atividades não faltam. E, como todo lugar onde o jet set frequenta, há style de sobra: excelentes restaurantes, hotéis e passeios. É impossível não se divertir em Maui, seja lá qual for seu estilo de viagem. Vamos ao guia.
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(Mapa tirado daqui.)  
Chegada e acomodações:
Chega-se em Maui de 2 maneiras: cruzeiros que aportam em Kahului, cidade mais desenvolvida da ilha, ou de avião – há 3 aeroportos, um maior em Kahului, onde Hawaiian Airlines, Go! Mokulele e outras empresas maiores param, e 2 menores, um em Kapalua na costa oeste, que é basicamente só uma pista de pouso e onde só param a Island Air e jatinhos particulares; e um em Hana, que também é só uma pista de pouso para táxi aéreo e afins.
Em Maui, alugue um carro, pois o serviço de transporte público da ilha é razoável, mas não cobre toda a ilha, e deixa de fora locais-chaves de passeio. Se quiser se aventurar de busão, o passe de um dia de ônibus custa 2 dólares. Mas acho que você terá mais flexibilidade e aproveitará mais a ilha de carro.
Kaanapali, na costa oeste, foi a primeira área a se desenvolver em Maui, ainda em décadas passadas, então os resorts e hotéis ali refletem mais essa tradição. Os resorts mais novos estão em Wailea, que fica na costa sul e onde estão algumas praias e recantos mais “selvagens”. Para hospedagem, há inúmeras opções, mas não para todos os orçamentos – Maui é cara, lembra? Em dezembro, nós ficamos num hotel em Kaanapali, o Aston Kaanapali Shores, que tinha desconto ótimo para kama’aina (residentes do Havaí). Não-residentes penarão para pagar menos de 150 dólares por um hotel nesta área, mas podem encontrar se procurarem com afinco pelas promoções na internet. Em Wailea, no sul da ilha, espere pagar mais ainda como preço mínimo. Há pousadas interessantes em Lahaina, cidade de arquitetura pitoresca fofíssima que fica a uns 15 minutos de carro de Kaanapali. Eu achei o Best Western de Lahaina com uma arquitetura engraçadinha, cara de saloon de filme de faroeste, só que na beira da praia. Diferente. Ficar em Kihei é outra opção, um pouco mais barata, mas não menos interessante. Kihei está a meio caminho de quase tudo em Maui, então a localização é boa pra quem quer rodar a ilha toda. Da primeira vez que estive em Maui, ficamos em Kihei, na casa de uma amiga, e achei bem mão-na-roda a localização. As praias de Kihei são uma delícia e os parques à beira-mar ideais para um piquenique.
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Uma das diversas praias em em Kihei.
Agora, se você quer curtir a Maui roots, do surfe e das galerias de arte mais alternativas, dos hippies e da natureza exuberante, aconselho a ficar pela costa norte. De Pa’ia a Hana, todo o litoral é recortado por baías lindíssimas. Pa’ia é uma cidade de artes, também cheia de pequens prédios históricos e com um movimento separatista havaiano forte, e se você quer experienciar a cultura do verdadeiro Hawaii (e não o dos folhetos de turismo), Pa’ia é uma boa opção de estadia. Eu não ficaria em Hana, por mais que adore lá. Talvez uma noite apenas, para não fazer aquela estrada perigosa ida e volta no mesmo dia. É muito contramão ficar em Hana, e só funciona como opção de hospedagem se você não quer sair de Hana pra nada, quer apenas aproveitar aquele pedaço da ilha.
Dia 1
Depois de chegar e se alojar, em geral com jet lag ainda, aproveite para descansar. Maui foi feita para relaxar, então nada melhor que uma caminhada light pelas ruas de Lahaina, para curtir o clima pitoresco local e se deixar levar por uma boa culinária. Há inúmeros cafés e restaurantes ótimos por ali. Se você chegou já de tardinha, escolha um local privilegiado à beira-mar para ver o pôr-do-sol na praia. Bares e restaurantes em Kaanapali ou em Lahaina soam como uma ótima opção. Entre eles destaco o restauranteI’o, que fica na beira da praia e tem um cardápio que valoriza os alimentos produzidos localmente – as beterrabas o’o cozidas com macadâmia, queijo feta e pesto são divinas e me levaram de volta às memórias de infância, da minha mãe fazendo suco de beterraba antes da praia. (Cheguei ao I’o via este blog só de restaurantes em Maui.)
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Cafés e restaurantes aconchegantes não faltam em Lahaina.
Agora, se você chegou cedo de manhã e está no pique total, aproveite o dia para conhecer as praias do sul. Dirija até o La Perouse Bay, bem ao sul, onde grupos de golfinhos rotadores costumam se agregar. A estrada até lá é bem asfaltada até Makena, onde ficam diversos resorts, mas depois estreita e piora, passando pelo meio de um campo de lava. É proibido se aventurar andando por esse campo de lava, porque o terreno é instável e afiado – e afinal, se você vai a Maui para ver lava… melhor repensar sua escolha e visitar a Big Island, né? Este caminho até o La Perouse Bay tem diversas reentrâncias de praia, e dá pra parar e curtir cada uma delas sem pressa. Na maior parte, a visibilidade é incrível e a fauna não decepciona. Nós paramos em Ahihi Bay e fizemos um snorkel sensacional – e olha que no dia em que fomos estava meio nublado… Mas tinha peixe à beça, e logo na beiradinha corais saudáveis, muito bonito. Se você tem certificação de mergulho autônomo, um(a) companheiro(a) de mergulho e uma bandeira, pode alugar tanques apenas e cair na água pra fazer scuba por ali mesmo. Vimos diversas pessoas em Ahihi se preparando pra cair mais fundo na água. É um ótimo point de shore dive.
Aproveite que já está no sul mesmo para comer em um dos ótimos restaurantes da área de Wailea, boa parte deles dentro de resorts. Prepare-se para pagar mais caro por um almoço ou janta aqui, mas para ter uma experiência mais inesquecível ainda.
Dia 2
Comece o dia muito cedo – mas muito cedo MESMO, entre 3 e 4 da manhã! – e faça a subida até a cratera do Haleakala para ver o nascer do sol. É dos passeios mais famosos para quem está em Maui, no top da lista de qualquer guia que se preze. De carro, gasta-se pelo menos 1h subindo, por isso precisa sair cedo se quiser chegar à tempo de ver o nascer do sol.
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Nascer do sol na cratera do Haleakala.
O Haleakala é um vulcão dormente cuja área virou parque nacional e fica aberto 24h por dia, todos os dias do ano. Lá em cima no topo há diversos observatórios e telescópios da Universidade do Havaí e uma vista das mais espetaculares do mundo, do sol nascendo no Oceano Pacífico e da cratera mais pirante do planeta – a cratera é pra lá de lunar, com um terreno árido, aparentemente “sem vida” e com solos nos mais diversos tons de vermelho, sépia e marrom. É indiscritivelmente sensacional. Mas há um porém: o cume do Haleakala é dos lugares mais frios do Havaí e às 6 da matina pode se tornar gélido (nevou recentemente lá, pra vocês terem uma idéia), portanto leve um casaco grosso. Quando eu fui, não acreditei que fazia tanto frio e fui só com um casaco de moleton. Ainda bem que minha amiga conhecia bem o lugar e levou um edredon no carro, just in case. Resultado: paguei mico. Fiquei andando enrolada no edredon o tempo todo.
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Silversword, a planta que só existe no Haleakala. Na foto, florida. :)
Depois do sol nascido, aproveite que está lá em cima e curta um pouco o parque. Se for entre junho e setembro, aproveite a oportunidade única de ver as flores da silversword, planta que só existe na cratera do Haleakala e que nesse período mostra sua super-exótica florada. Aliás, o ecossistema do parque é todo único, e lá também dá pra ver o nene bird, ave havaiana endêmica ameaçadíssima de extinção. Dá pra fazer trilhas pelo parque, dentro da cratera. Outra opção também bacana é este tour: subir o Haleakala de madrugada em van, passear no cume, e lá em cima alugar uma bicicleta para descer todo o rampão vulcânico de bike. São 28 milhas, e pra baixo todo santo ajuda…
É possível passar o dia inteiro visitando este parque, e eu faria isso. Mas se só o nascer do sol é suficiente pra você, aproveite a tarde para visitar alguma das fazendas da encosta do Haleakala. A mais diferentona é a Ali’i Kula, uma fazenda de lavanda, que oferece tours temáticos. Mas há também fazendas de café, abacaxi, etc. Há tours guiados em boa parte delas.
Dia 3
Mas você veio a Maui para curtir o mar, certo? Então hoje é dia de cair na água. Comece o dia fazendo um tour até Molokini, uma cratera submersa que fica a 4 km da costa sul, entre Maui e a ilha de Kaho’olawe. No trajeto até Molokini, você estará navegando num santuário de baleias jubartes e entre dezembro e abril, é quase certo que você verá uma jubarte pelo caminho, já que ali é um dos pontos de maior agregação de baleias de todo o Havaí.
Molikini - Maui
Algumas maravilhas que você vê snorkelando em Molokini…
Molokini é um verdadeiro aquário natural, repleto de corais saudáveis, visibilidade assustadora e dá pra ver todos os peixes representativos da fauna havaiana. É perfeito para snorkel, considerado um dos melhores points de todo o Havaí, e se você for de mergulhar, pode cair com tanque no “backdoor”, que é na parte de trás do arco da cratera. Os tours para Molokini saem de manhãzinha de Kihei, de Makena ou do píer de Ma’alaea. Nós fomos com a Pacific Whale Foundation, uma ONG que cuida das baleias jubarte. Eu gostei. Eles têm um barco enorme para mais de 100 pessoas – apesar da multidão, o tour é tão bem organizadinho que nos locais de parada você nem percebe que tem um monte de gente com você. Dá pra ir só a Molokini ou combinar o passeio com outros tours offshore – nós fomos a Molokini e depois snorkelar na ilha de Lanai, que fica pertinho de Maui, e eu recomendo esse passeio se você é “da água”, porque o visual da costa de Lanai visto do mar vale a pena, além da Shark Bay, onde o snorkel foi feito – com esse nome, dá pra imaginar por que eu escolhi fazer esse passeio, né? :D
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Costão de Lanai, onde a gente fez um snorkel excelente.
O ponto “negativo” (se é que você acha negativo nadar entre peixes coloridos, ver baleias etc.) é que esse tour que inclui Lanai leva quase o dia todo. Se você tem poucos dias, talvez seja o caso de só fazer o passeio até Molokini (que é FUNDAMENTAL) e voltar antes do meio-dia, para poder aproveitar outra praia/costão à tarde. Neste caso, eu sugiro dirigir na direção noroeste, passando Kaanapali.
Depois de Kapalua, o costão se torna espetacular, com paisagens dramáticas de penhascos, muitas ondas e um mar de azul intenso incomparável. Destaque para as baías de Napili, Oneloa e Honolua. Esta costa é bastante desenvolvida, há pousadas e bed & breakfasts (a preços de Maui, entenda-se) e em Kapalua você encontrará um mega-resort de golf à beira-mar lindíssimo, com um sítio arqueológico havaiano em frente. Nestas baías todas dá pra mergulhar e/ou surfar, dependendo da época do ano que você vá e das condições do tempo.
Se você for do tipo mais aventureiro ainda (e estiver num carro com tração nas 4 rodas e com combustível extra), vale a pena continuar na estrada depois de Honolua até Kahului do outro lado da cadeia montanhosa. A estrada vai pela beira da praia, tem uma vegetação muito exuberante, paisagens lindíssimas e inspiradoras, mas é muito perigosa, de pista única em boa parte e escorregadia. No dia que fomos, choveu, e as condições ficaram mais perigosas ainda. Mas o visual compensa DEMAIS. No meio da estrada, entravada em uma das encostas, fica o vilarejo de Kahukuloa, que me lembrou um pouco a paisagem do Cinque Terre (é, eu viajo na maionese às vezes…). Ali não tem posto de gasolina nem restaurante, só uma igrejinha pitoresca no fundo do vale e um trailler vendendo shave ice e refrigerante. Mas vale a parada, porque a vista é espetacular.
Dia 4
É dia de conhecer o North Shore de Maui. Assim como em Oahu, é ali que se concentra a galera do surfe. Mas aqui há outra dimensão para “o surfe”, já que é neste pedaço de ilha que está Jaws (ou Pe’ahi, o nome local do point). Se você é surfista de qualquer ponto do planeta, já ouviu com certeza falar de Jaws, a praia com as ondas mais monstruosas do mundo – o nome vem dessa mosntruosidade toda. Em dias que o swell bate de verdade, Jaws pode ter ondas de até 120 pés. Pra cair na água ali, tem que ser Surfista com S maiúsculo, com coragem de sobra. O vídeo abaixo, de um dia com ondas de aproximadamente 50 pés, mostra um pouco do que estou falando:

Chega-se até o point do surfe com jetski ou helicóptero (em caso de resgate), porque o costão é de pedra. Aos não-surfistas, o espetáculo também é bonito: lá de cima dá pra ficar admirando esses filhos de Netuno enfrentarem as ondas. Para chegar até o costão de Jaws, pega-se uma estradinha de terra que sai da Hana Road. Não há sinal algum indicando o local – precisa se informar localmente como chegar, por incrível que pareça, ou seguir por GPS (coordenadas 20°56′36″N 156°17′52″W). É um desses segredos mal-guardados que todo mundo conhece e os havaianos insistem em deixar com esse clima de “escondidinho”.
Antes de Jaws, você pode visitar Pa’ia, o distrito de arte. É área mais hippie e roots de Maui, e tem várias galerias de arte.
Depois de Jaws, tome um remédio contra enjôo e faça a estrada pra Hana. É uma estrada super-curva, que segue pela linha costeira até a cidade de Hana, onde mais praias lindíssimas te esperam, reentrâncias rochosas de tirar o fôlego, assim como cachoeiras fenomenais. É para mim o passeio por costa mais lindo do planeta, suplantando inclusive o Big Sur californiano. A cada recanto, uma visão diferente, mais deslumbrante que a anterior. Faça uma parada nas Seven Sacred Pools, um sítio arqueológico havaiano, e caminhe pelas cachoeirinhas, o visual é imperdível de lindo.
Estrada para Hana, Maui
Seven Sacred Pools encontram o mar, na costa de Hana.
Hana é um must-go de Maui, e se você quer aproveitar direito, como o local merece, precisa de pelo menos um dia inteiro. Reserve tempo para esse passeio inesquecível. Eu acho que Hana fecha com chave de ouro uma visita a Maui. Deixa aquele gostinho de paraíso na boca, que é o que a maioria que vem ao Havaí quer ter, né?
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Cratera de Molokini vista do ar.
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E aos que se animaram com este guia… Aloha Maui! :)
Tudo de bom sempre.

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